Bullying tem que ser discutido na escola?

Para começar, é importante explicar o que significa bullying. Apesar de não ter uma tradução para a língua portuguesa, o termo é entendido como ameaça, tirania, intimidação e humilhação. O Bullying, desta maneira, se caracteriza por agressões verbais ou físicas feitas repetidas vezes por um ou mais alunos contra um colega. Entretanto, a professora Ana Virgínia, diretora do Ideal Junior, diz que a situação de agressão só pode ser configurada como bullying quando a vítima sofre calada, sem buscar ajuda ou se defender.

Aquele apelido, que a primeira vista, parece inofensivo pode afetar emocionalmente a vítima. E não é apenas a escola o local onde ocorrem situações como esta. O bullying pode ocorrer nas escolas, na família, na vizinhança, nos parques, ou seja, em qualquer contexto social. E as consequências são sérias, isolamento social, queda do rendimento escolar e pode chegar a afetar o estado de emocional e provocar depressão.

Para alertar a comunidade escolar e os pais dos alunos sobre este assunto, a coordenação do Ideal Junior desenvolveu no mês de novembro uma campanha de conscientização sobre o Bullying na escola com alunos do quarto ano, que tem idades entra nove e dez anos. O projeto foi pensado pela coordenadora do ensino infantil e fundamental Josiane Dahas e pela professora de ética e cidadania Michele Lima. Segundo a coordenação, o projeto começou este ano, mas vai ganhar uma periodicidade anual. “Consideramos extremamente importante falar de bullying na escola até porque os alunos passam quatro horas nesse convívio social. Como é um assunto importante e eles já conseguem ter um senso crítico, a escola tem um papel fundamental para esclarecer todas as dúvidas e mostrar que o bullying é de extremo prejuízo na vida de uma pessoa. Acontece na infância, mas deixa marcas para o resto da vida” diz a coordenadora.

Falar sobre o assunto mobilizou os alunos, professoras e os pais. E segundo a professora Michele Lima é necessário falar sobre bullying em qualquer grupo social que a criança esteja inserida. “As crianças já vivem em um mundo bastante egoísta. A gente não pode cultivar mais isso nela. Devemos levá-las a refletir criticamente a sua realidade e o quanto suas atitudes impactam na vida do outro, nossas atitudes fazem efeito na vida do outro. É uma questão muito triste, mas é também muito presente. Vai tocá-los não só nos dias de hoje, mas na vida, numa visão para o futuro. Deixá-los pessoas mais sensíveis diante as situações e pessoas que os cercam“, reflete Michele.

A família é muito importante para que esse processo de bullying seja interrompido. Os pais, para professora e coordenadora, devem estar em alerta máximo constante. Segundo a professora, os pais precisam perceber o comportamento dos filhos. Qualquer mudança de atitude pode ser um indicativo: a resistência de ir para escola, a resistência a algum colega de classe pode ser um sinal de que esta criança pode ser vítima de bullying e não tem coragem de contar. Em contra partida, ela intensifica o pedido “os pais de possíveis agressores devem estar atentos, devem acolhê-los, orientá-los para que não façam isso…A escola é mediadora, precisa mediar essas situações para encontrar uma solução ajudar todos os envolvidos”.

Todos contra o Bullying

O projeto intitulado “I Campanha Ideal Junior de Ética e Cidadania: todos contra o Bullying” foi desenvolvido este ano e deve entrar no calendário da escola. Agora, em 2017 apenas o quarto ano participou, mas a partir de 2018 outras séries farão parte do projeto. De acordo com a professora Michele, a Campanha surgiu da necessidade de despertar nos alunos uma atitude de respeito ao próximo e foi um momento de reflexão, em que os alunos se dividiram em grupos e foram pensar juntos “Como eu gostaria de ser tratado é como eu trato o outro?”. “Se você não quer sofrer bullying você não vai praticar nem ser espectador diante de uma situação e não fazer nada. O nosso objetivo era mexer com a realidade, fazer com que observassem  e assumissem uma postura ética e de respeito ao próximo”, conta Michele.

Os alunos ficaram motivados com o trabalho de desenvolver uma campanha de comunicação contra o bullying, explicando o que é e o que provoca em quem sofre.  Cada grupo teve uma maneira de demonstrar como conduziu a pesquisa sobre o Bullying: fizeram vídeos, entrevistas, peça de teatro, história em quadrinhos, paródias, folders para distribuir na escola.

Para os alunos Arthur Messias, 9 anos, e Sophia Xerfan, 10 anos, o Bullying pode trazer malefícios para o emocional de cada criança que sofre a agressão. “Três pessoas são muito importantes para que o processo de bullying aconteça: agressor, a vítima e o espetador. O espectador é muito importante, porque ele fica assistindo, se não tomar uma decisão de contar para um adulto isso pode piorar e ficar maior, maior, maior. Se você souber, conte a um adulto. Pode ser seu pai, professora ou diretor”, alerta Arthur.

E o ensinamento que fica, para Sophia, é que “não podemos esconder se tivermos sofrendo, nem se tivermos assistido. A pessoa que sofre fica tão triste que fica com medo e não quer mais vir para a aula”. E a professora Ana Virgínia complementa: “A vítima precisa aprender a se posicionar. Um, deixar claro que ela não gostou da brincadeira, dois, buscar ajuda e três, se a criança não sabe se defender, sinalizar para entrar em terapia e aprender”.

 

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